segunda-feira, 27 de maio de 2013

Síntese do texto "A emergência do gênero"



Leticia Souza
Nayara Abreu


Este trabalho é uma síntese do texto “A emergência do gênero” de Guacira Lopes Louro, que aborda como é constituído o gênero no contexto social e como o feminismo traz contribuições para entender como o gênero se firma na sociedade.
 A autora divide seu texto em 3 subtítulos intitulados , A mulher visível; Gênero, sexo e sexualidade e Desconstruindo e pluralizando  os gêneros.
A autora inicia seu texto fazendo uma observação sobre a palavra gênero no sentido feminino e masculino não aparecer no dicionário Aurélio³, sendo assim ela indaga sobre acreditar ou não nas traduções advindas deste.
No subtítulo “a mulher visível”, Louro destaca a forma como a mulher era vista e como isto influenciou na luta das feministas, onde ela diz: “Tornar visível aquela que fora ocultada foi um grande objetivo das estudiosas feministas desses primeiros tempos” (LOURO, 1997, p. 17)
         A partir dessa invisibilidade como nos afirma a autora, surgiram várias formas para contestar contra algumas imposições como, por exemplo, a discriminação, a segregação e essas lutas se deram por meio de grupos de conscientização, marchas e protestos públicos, mas não apenas, pois também contestaram através de livros, revistas e jornais
                       A partir disso algumas mulheres feministas fundaram revistas, promoveram eventos e grupos de estudos para que a mulher deixa-se de ser excluída nos estudos acadêmicos e se tornarem temas centrais nos estudos.
                        A autora também discute sobre argumentos que justificam as desigualdades sociais entre homens e mulheres a partir de características biológicas.
                       Contra pondo a isso a autora diz que: 

“[...] É necessário demonstrar que não são propriamente as características sexuais, mas é forma como essas características são representadas ou valorizadas, aquilo que se diz ou que se pensa sobre elas que vai constituir, efetivamente, o que é feminino ou masculino em uma dada sociedade e em um dado momento histórico.” (LOURO, 1997, pág. 21)

                   Em seguida no subtítulo “gênero, sexo e sexualidade”, a autora discorre que através das feministas anglo- saxãs começou-se a distinguir o caráter fundamentalmente social das distinções baseadas no sexo, ou seja, esse conceito não é mais visto como apenas biológico e sim socialmente construído.
                   Segundo Louro (1997), o conceito tem por objetivo referir–se ao modo como as características sexuais são trazidas para a prática social, assim buscando não enfatizar as diferenças entre “Mulheres” e “ Homens”.
                    Partindo disto, o conceito passa a outro âmbito, exigindo que suas pluralidades sejam repensadas, partindo de que os projetos e as representações de homens e mulheres são diferentes.
             Louro (1997) enfatiza, que partindo do que a sociedade define como comportamentos, sendo através de roupas, modos de relacionar ou de se portar, cada individuo deveria escolher o que considera adequado ou inadequado.
                     No subtítulo “Desconstruindo e pluralizando os gênero”, segundo Louro(1997) uma das estudiosas mais conhecidas no campo do feminismo é Joan Scott que é historiadora norte- americana e que escreveu em 1989, uma artigo sobre relações de gênero.
            De acordo com Louro (1997) um fator importante que Scott defende é que é necessário desconstruir o “caráter permanente de oposição binária” masculino - feminino, pois para ela não se deve enxergar homem e mulher como polos opostos que só se relacionam por meio da dominação e da submissão, assim Scott aborda que cada polo supõe e contém o outro.
                 A autora afirma que essa dicotomia pressupõe que haja polo dominante e outro dominado e impõe-se que essa seria a única forma da relação entre esses dois elementos.
                   Louro (1997) conclui que:

 “Mulheres e homens, que vivem feminilidades e masculinidades de formas diversas das hegemônicas e que, portanto, muitas vezes não são representados/ as ou reconhecidos/ as como verdadeiras/ verdadeiros mulheres e homens, fazem críticas a esta estrita e estreita concepção binaria.” (LOURO, 1997, p. 34)

BLOGUEIRAS FEMINISTAS


Leia o que elas têm a dizer:

http://blogueirasfeministas.com/

A ERA DO PÓS-GÊNERO?

 

Relatos de quem recusa as definições tradicionais de homem-mulher, hétero-homo...

por Cynara Menezes


Leia em:
http://www.cartacapital.com.br/sociedade/a-era-do-pos-genero-2/

domingo, 19 de maio de 2013

SÍNTESE DE TEXTO 1



Alunas: Vanessa Almeida Stigert e Thayane Viana Fonseca


Este trabalho trará um breve resumo do texto “Gênero e educação: teoria e política”, que faz parte das atividades e discussões realizadas em sala de aula por meio da disciplina de “Tópicos especiais: Gênero, Sexualidade e Educação”, ministrada pelo professor Roney Polato de Castro no curso de Pedagogia da Universidade Federal de Juiz de Fora. Assim, nosso resumo abordará questões sobre início dos movimentos feministas e o surgimento do conceito de gênero e seus desdobramentos teóricos e políticos, todos destacados no texto  resumido.
Meyer iniciou seu texto discutindo uma notícia de um jornal de uma pesquisa realizada nos Estados Unidos. A pesquisa trazia a seguinte manchete “Mudanças sociais alimentam a obesidade”, na qual o resultado informava que as mudanças na estrutura do mercado de trabalho tinham total ligação com o grande aumento da obesidade no país. A notícia destacava que os americanos passaram a comer mais em  fast food devido o fato do grande número de mulheres trabalhando fora de casa, o que fez com que elas deixassem de preparar as refeições caseiras.
A partir da leitura dessa notícia por algumas pessoas, a autora destacou dois tipos de reações dos leitores: primeiro que umas acharam a notícia irrelevante e com um tema óbvio para ser considerada resultado de uma pesquisa. O outro tipo de reação foi por parte de umas militantes e feministas na qual diziam que além de todas as relações de poder, a mídia pretende culpar as mulheres pelo aumento da obesidade. Após ler a notícia e ver as diferentes reações, a autora destacou duas questões relevantes:

“...a temática e, sobretudo, as conclusões do estudo, sintetizadas no artigo para cosumo do público em geral, seriam mesmo irrelevantes e inofensivas, considerando-se o arsenal de conhecimentos já gerados pelo campo dos estudos feministas e as conquistas legais asseguradas em decorrência de lutas desses movimentos sociais? Ou pelo contrário, conclusões ‘científicas’ como essa provocam tão pouco estranhamento porque ainda estamos muito familiarizados com o pressuposto de que o ‘lugar natural da mulher é o lar e sua função natural é cuidar da casa e s da família’ que nem conseguimos enxergar o ‘ineditismo’ ou a ‘relevância’ que justificariam a publicação de estudos com esse teor, com o destaque que lhe foi conferido?” (MEYER,  2003, p.10)

            Diante dessas questões a autora traçou uma relação entre a notícia e o tema que abordou em seu texto. Defendeu, principalmente, que mesmo o que é cientifico, não deve ser considerado como uma única verdade existente. Desse jeito, devemos nos transformar em seres questionadores, assim podemos evitar naturalizações, como o que ocorreu com a matéria  do jornal que Meyer explicitou.
Na história do Brasil tivemos vários tipos de movimento feministas, com diversos objetivos, o primeiro foi em 1890 com a Proclamação da República onde as mulheres lutaram pelo direito do voto feminino. Um segundo momento histórico dos movimentos feministas aconteceu entre os anos 60 e 70 em oposição a ditadura militar e lutaram também pela necessidade de se investir em produção de conhecimento, com o desenvolvimento sistemático de estudos que pesquisassem a subordinação social e a invisibilidade política que as mulheres tinham sido obrigadas. Esses movimentos fizeram com que houvesse confrontos com grupos que defendiam as diferenças e desigualdades entre homens e mulheres, colocando a diferença biológica para explicar esses pensamentos. A partir disso, surgiu o termo gênero nos movimentos feministas e nessas perspectivas esse conceito referia-se ao “comportamento, atitudes ou traços de personalidade que a cultura inscrevia sobre o corpo sexuado” (MEYER, 2003, p. 15). Mais tarde o conceito foi reformulado pelas feministas pós-estruturalistas, que problematizaram questões como corpo, sexo e sexualidade.
Após fazer um breve histórico da utilização e conceituação do termo gênero, Dagmar Estermann Meyer mencionou que seu trabalho e concepção acerca do gênero está baseado nos fundamentos teóricos de Michel Foucalt e Jaques Derrida. Assim, a autora evidenciou que possui uma abordagem centrada na linguagem sobre a discussão do gênero. Nesse sentido, a linguagem estaria “como lócus de produção das relações que a cultura estabelece entre corpo, sujeito, conhecimento e poder” (MEYER, 2003, p.16). 
As abordagens femininistas pós-estruturalistas utilizadas pela autora se distanciam das outras abordagens existentes que afirmam existir diferenças apenas biológicas entre os homens e mulheres. Em contrapartida, a autora vai ao encontro das abordagens pós-estruturalistas que mencionam que as diferenças existentes entre os homens e as mulheres devem ser feitas através de relações socioculturais, linguísticas e de poder e não restritamente nos aspectos biológicos.
 A partir disso, Meyer (2003) afirma que há uma transformação de concepção do gênero. Logo, o gênero passa a ser visto de acordo com as diferentes formas “de  construção social, cultural e linguística” (p. 16). Nesse contexto, o conceito de gênero não fica mais atrelado apenas à conceituação biológica, mas passa a ser considerado em seus aspectos mais abrangentes. Ou seja, leva em consideração as relações sociais, culturais, políticas, simbólicas, normativas e, sobretudo de poder.
            Diante dessa opção conceitual a autora expõe quatro implicações do uso do termo gênero e sua suposta ferramenta teórica política. A primeira delas se refere ao fato de que é a partir do acesso individual do ser humano ao mundo que cada ser humano irá se tornar homem ou mulher. Ou seja, esse processo de constituição não é imposto e muito menos linear, sendo que esse processo é constante. A segunda implicação estaria voltada a impossibilidade de definição da feminilidade e masculinidade, sendo que tais definições não são naturalizadas, pois dependem de questões culturais e conflitantes da/na sociedade. Cabe ressaltar que a autora concebe a “cultura como sendo um campo de luta e contestação em que se produzem sentidos múltiplos e nem sempre convergentes de masculinidade e feminilidade [...]” (MEYER, 2003, p.17).
            A terceira implicação das mudanças sociais e políticas postas pela discussão do gênero traz para o cenário a necessidade de ir além da problemática da conceituação do termo. Portanto, é importante debater quais as relações de poder existentes entre homens e mulheres e, consequentemente a partir disso observar e problematizar as novas constituições de gênero. Por fim, a conceituação de gênero deve estar longe das generalizações e naturalizações feitas sobre o ser masculino e feminino. É interessante afirmar que a autora menciona que, tais implicações e discussões não se direcionam para a desconsideração dos corpos sexuados. Porém, levando esse fato em consideração existe uma necessidade de ir além do que tais aspectos já nos remetem. Ir além desse fato é perceber que por volta dessa estatística existem linguagens, relações de poder, culturas e diferenças sociais que interferem nesse processo de constituição.  
            Dagmar Estermann Meyer, após fazer algumas considerações sobre o gênero e sua constituição explicitou sua preocupação com o tema, que é inserido no campo da educação. A autora fez no texto dois exercícios problematizando a questão do gênero. A primeira problemática está voltada à “avaliação do rendimento ou da aprendizagem escolar” (MEYER, 2003, p.20). Relacionada à primeira problemática levantada pela autora estão também algumas estatísticas que demonstram diferenças entre homens e mulheres. Fora isso, a autora expõe dados alarmantes sobre outras singularidades de raça, classe social e outros aspectos que são constatados em estatísticas, mas que por algum motivo acabam sendo dados estagnados nas/pelas instituições educacionais.
A partir desses aspectos Dagmar se indaga sobre quais os pressupostos de feminilidade e masculinidade estariam sendo perpetuadas no interior das escolas. É verdade que a escola não pode ser vista como a solução das diferenças colocadas entre homens e mulheres. Assim, como também não dá conta de solucionar todos os problemas sociais e culturais que certamente chegam até ela. Porém, a instituição de ensino pode ser um local onde esses temas e problemas são discutidos para que posteriormente novas políticas públicas sejam planejadas e executadas e é exatamente isso que deve vir a acontecer.
            A autora explicita que a (des)naturalização do olhar para a discussão das diferenças e constituição do gênero deveria ser um trabalho continuo e precoce que inclusive integrasse a escola. Acontece que, segundo a autora, existem “pedagogias culturais” que consistem na ampliação do conceito de educação e “pretende englobar forças e processos que incluem a família e a escolarização” (MEYER, 2003, p. 22). É curioso ressaltar que a sociedade precisa ir além do que essas pedagogias nos propõe, sendo que temos na sociedade outros meios de constituição conceitual, como, a mídia, os meios de comunicação e outros. Com isso, a autora faz um paralelo da questão que aborda em seu texto e as observações necessárias que todos devem fazer ao ter acesso a um meio de comunicação.
Portanto, a população precisa estar atenta às concepções e opções políticas que cada material pretende expor e defender. Esse é um dos meios de caminharmos em direção as mudanças de padronizações já existentes. Isso significa que apenas com um olhar crítico e com o auxilio da linguagem teremos a possibilidade de conseguirmos identificar e/ou construir novas identidades e gêneros.

REFERÊNCIA
GOELLNER, Silvana Vilodre; LOURO, Guacira Lopes; NECKEL, Jane Felipe (orgs.). Corpo, gênero e sexualidade: um debate contemporâneo na educação. Petrópolis, RJ: Vozes, 2003.