segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

MA VIE EN ROSE (Minha vida em cor de rosa)

Relatos das aulas dos dias 14 e 16 de outubro de 2013

Registro da aula do dia 14 de outubro de 2013


Nos momentos iniciais da aula as alunas dão andamento à escolha do filme que apresentarão para a turma.
Roney faz a chamada seguida por uma pequena introdução sobre o filme “Ma vie en rose”. Fala sobre sua produção, direção, em fim situa o filme para as alunas. Roney indica também o texto do professor Anderson Ferrari. “Ma vie en rose”: gênero e sexualidades por enquadramento e resistências, como um texto complementar, importante para a problematização do filme e das discussões. Roney propõe que as alunas assistam ao filme e façam anotações para nortearem as discussões sobre o mesmo na próxima aula.
As alunas assistem ao filme com bastante concentração, seus rostos parecem demonstrar mistos de sentimentos: consternação, angustia, abertura ao outro, comiseração, enfim, rostos que refletem a interação com o filme, preenchendo-o com seus entendimentos e vivencias pessoais.
Terminada a apresentação do filme, Roney faz uma segunda chamada. Pede que as alunas terminem de anotar seus e-mails em uma folha com vias a facilitar a comunicação com a turma. Roney reserva os minutos finais para que as alunas relatarem o que pensaram e sentiram sobre o filme apresentado. Como o silêncio era geral e ninguém se pronunciava, Roney pede que façam reflexões no Diário e tragam as discussões na próxima aula.




Registro da aula do dia 16 de outubro de 2013

Roney inicia a aula falando sobre o artigo do professor Anderson Ferrari. “Ma vie en rose”: gênero e sexualidades por enquadramento e resistências, indicando-o como um importante artigo para a problematização do filme.
Roney indica para a próxima aula a leitura e estudo do artigo A emergência do gênero presente no livro “Gênero, sexualidade e educação: uma perspectiva pós-estruturalista”, de Guacira Lopes Louro. Como leitura complementar recomenda o texto Gênero, sexualidade e poder, que se encontra no mesmo livro. Roney pede às alunas para fazerem uma leitura atenta, grifando questões que considerassem importantes, ou mesmo questões que não compreenderam para que fizéssemos uma discussão na próxima aula.
O professor pede para que uma das alunas faça um relato sobre o filme apresentado na aula anterior (Ma vie en rose). Após algumas negociações, a aluna Juliana faz uma narrativa detalhada e abrangente sobre o filme.
As alunas relatam suas sensações e sentimentos ao rememorarem o filme. Uma das alunas caracterizou o filme como chocante e impactante. Disseram das angústias que sentirem ao se colocarem no lugar de Ludovico (protagonista do filme) e de sua família. Falaram das pressões da sociedade sobre as pessoas e suas subjetividades.
As alunas também se concentraram em discutir a escola. Falaram das várias vozes presentes na escola: da professora que tenta discutir as diferenças, do diretor que acata um abaixo assinado dos pais e expulsa Ludovico da escola, dos pais que fazem o abaixo assinado e ensinam, assim, seus filhos a serem preconceituosos.
Falamos das pedagogias culturais e da busca de identidades pelas pessoas. As alunas falam sobre os discursos médicos e da psicologia presentes no filme. As alunas preenchem o filme com suas vivências pessoais. Falaram de situações correlatas ao filme, vivenciadas em suas relações familiares e no cotidiano escolar, a partir de seus estágios e atuações profissionais. Ressaltaram que uma criança de 7 anos pode ter curiosidades e desejo de experimentar as variadas posições de gênero presentes em nossa sociedade; podem ter curiosidades frente aos artefatos culturais, mas nem por isso podem ser classificadas como homossexuais. Ressaltam ainda que, mesmo que uma criança esteja se construindo como homossexual esta situação não deve ser encarada como um problema, mas como uma forma de se constituir, uma forma de ser e estar no mundo, tão legítima quanto as outras formas de construção do sujeito.
Roney fala sobre a necessidade de ver o outro, de se colocar no lugar do outro, pensando este outro para além da essencialização de uma identidade. O professor fala que as situações vivenciadas em nossos cotidianos, devem ser encaradas como objetos de pensamento, como forma de problematizar essas situações e não como estratégias de isolamento e discriminação desse outro que se constitui diferente de mim, afinal, não é o outro que é o diferente, somos todos diferentes, nem melhores nem piores, apenas diferentes.
Após as discussões Roney apresenta um PowerPointe sobre discussões trazidas a partir do filme. Começa pensando sobre as marcas de gênero impressas sobre os corpos; pensa sobre os artefatos, movimentos, gestos adereços que posicionam os corpos: “ mudar o corpo, para mudar quem você é”. Roney aborda os artefatos culturais e os rituais que posicionam os gêneros: como os esportes, os brinquedos, as músicas o cuidado com a casa, as posições dos corpos. O professor destaca ainda o amor romântico e a heteronormatividade denunciados no filme. O PowerPoint destaca ainda o reforço, o investimento em masculinidades e feminilidades hegemônicos, associados a heteronormatividade.
Neste momento as alunas fazem associações entre o filme e suas próprias vivências. Uma aluna relata que as aulas estão funcionando para ela como uma terapia, nisso, fazendo uma associação com o filme, traz um relato de amor por um primo que foi interditado pela família. Segundo a aluna, ela e o primo estavam apaixonados, mas quando a família descobriu proibiu o namoro dos dois. Ela disse que pode sentir a angustia vivida por Ludovico frente a incompreensão da família.
Outra aluna trouxe o relato de uma sobrinha do marido que, sendo lésbica teve de enfrentar a incompreensão da família frente a sua constituição de sujeito. A aluna falou como compreende a situação vivenciada pela sobrinha e sobre os dilemas e as relações estabelecidas a partir daí.
Uma terceira aluna fala de uma situação vivenciada por ela em uma atividade de evangelização. Segundo a aluna, diante de uma criança que apresentado atitudes ditas femininas, membros de seu grupo de evangelização, queriam levar essa criança para que o pastor tirasse o diabo de seu corpo. A aluna relatou que investigando a situação, percebeu que o que realmente a criança estava vivenciado era uma atitude de conflito familiar e não um caso de possessão como pensavam alguns.
As demais alunas também trouxeram relatos sobre seus cotidianos.
Roney retoma sua apresentação ressaltando os discursos da biologia, da religião e da família presentes no filme. Fala ainda das relações de gênero e sexualidades construindo as relações sociais, de forma a organizá-las e sobre os saberes-poderes que produzem discursos e conhecimentos a cerca dos gêneros e sexualidades, produzindo verdades sobre os corpos. Ressalta ainda o embaralhamento entre gênero e sexualidade presentes em nossa sociedade.
Terminada a apresentação Roney relembra as alunas para lerem e estudarem os textos propostos, além de darem prosseguimentos aos seus Diários de Bordo.

Relatos das aulas dos dias 04 e 06 de novembro de 2013

Registro da aula do dia 04 de novembro de 2013.

Roney inicia a aula convocando as alunas a, a partir de um “teste”, se perceberem ou não como feministas. As alunas se entreolharam e algumas disseram ser feministas outras disseram não saber ou não ser feministas. O “teste” dizia de questões cotidianas como dividir contar em bar com o parceiro, arrumar a casa, escolha de roupas, enfim, atitudes que tradicionalmente eram impostas para determinado gênero, mas que, a partir de lutas feministas, foram sendo desconstruídas. Após a apresentação do PowerPoint várias alunas que estavam em dúvida se reconheceram como feministas, afinal defendiam igualdade de gênero para homens e mulheres.
Roney lembra às alunas que elas não enviaram para seu e-mail as letras de funk, tal qual combinado na aula anterior. As alunas se desculparam, alegando não terem entendido que era para enviar. Algumas disseram terem feito a pesquisa, mas colocado apenas no diário. Roney diz que estava tudo bem, mas pede que enviem para que essas letras sejam problematizadas na próxima aula.
Roney passa então para a segunda tarefa que havia pedido na aula anterior, que seria uma entrevista com mulheres de variadas gerações sobre o que entendiam por feminismo. Várias alunas fizeram a atividade. As alunas geralmente entrevistaram mulheres nas faixas de 80 anos, 60/40 anos e 20 anos. As respostas foram as mais variadas possíveis, evidenciando uma multiplicidade de entendimentos sobre o feminismo. Algumas mulheres não souberam responder o que seria feminismo. Outras compreendiam o feminismo em oposição ao machismo: “ no feminismo é a mulher que manda”. Houve entrevistadas que confundiram feminismo com feminino, ou seja para ela feminismo é a mulher se cuidar, se maquiar, usar a roupa que a deixa mais atraente. Houve grande incidência do discurso religioso, algumas entrevistadas disseram que não gostavam do feminismo porque ele ia contra as leis de Deus, que estava na bíblia que as mulheres deveriam ser submissas aos homens, que elas não deveriam trabalhar fora, que seu papel era cuidar da casa e dos filhos e o homem é que deveria ser o provedor do lar.
Contudo houve entrevistadas que afirmaram que feminismo é a mulher lutar pelos seus direitos, é criar possibilidades da mulher fazer coisas que antes não podia fazer. Outras falaram que feminismo é a mulher poder sair sozinha, namorar quem ela escolher, ter liberdade de expressão, conquistar direitos, lutar contra a discriminação e contra a ditadura da beleza.
Interessante é que se pôde perceber um corte geracional nas entrevistas, com as mulheres muito mais velhas estranhando o feminismo, as mulheres na faixa dos sessenta querendo a conquista de direitos para as mulheres mais novas, já que elas tiveram esses direitos cerceados e as mulheres mais novas compreendendo o feminismos como uma questão cotidiana, ou seja a seu alcance. No entanto percebemos sujeitos que fugiam aos discursos proferidos pela maioria de seu grupo geracional como senhoras de 85 anos falando em direitos e liberdades e mulheres de 20 anos que não sabiam falar o que seria feminismo ou mesmo achando o feminismo algo negativo para a mulher e para a sociedade de um modo geral.
Após o relato e problematização das entrevistas, algumas alunas ainda se diziam confusas sobre o feminismo. Diziam-se embaraçando feminismos com feminilidade e diziam não saber se eram feministas.
Uma aluna relatou que entrevistou uma mulher de 20 anos que fazia faculdade e esta disse não saber nada sobre feminismo. Roney, então, provoca as alunas perguntando se quando elas chegaram à disciplina já pensavam o que era feminismo?
Várias alunas afirmaram que quando foram fazer as entrevistas perceberam que nem elas mesmas sabiam o que era o movimento feminista.
Roney retoma o PowerPoint do início da aula e convida as alunas a pensarem em como o movimento feminista mais amplo, que teve início no final do século XIX se relaciona com o hoje. Para que pensassem como se correlacionam os direitos mais amplos, como os garantidos pelas leis com os direitos mais subjetivos como os modos de se vestir e se portar. Discutimos, com isso, as questões relativas a ditadura da beleza e a dupla jornada da mulher.
Roney retoma as entrevistas e ressalta uma grande confusão que é recorrente em relação ao feminismo, com a qual muitas pessoas, confundem feminismo como sendo o oposto do machismo. Segundo Roney o feminismo não é o oposto do machismo. O feminismo é um movimento político e social de lutas cotidianas por igualdade de direitos. O feminismo tem como pauta, a luta contra o machismo, mas não quer colocar a mulher no lugar ocupado pelo homem, não quer inverter o binarismo e sim lutar pela igualdade de oportunidades e direito.
Uma aluna traz cenas de novela para pensar no direito a liberdade de decidir com quem se relacionar, uma vez que em outros tempos essa escolha era feita por outra pessoa que geralmente era um homem.
Roney traz outro PowerPoint, dessa vez com imagens retiradas do site “Moçx você é machista”. Esse site traz imagens problematizadoras e provocativas em relação às atitudes machistas presentes em nossa sociedade, tais como: dar panelinhas de presentes para as meninas; cuidados dos filhos e filhas como um atributo feminino; julgamento moral da mulher; mulher restrita ao espaço privado e homem ao espaço público; imagens que reportem ao machismo e a homofobia; binarismos homem x mulher; profissões de homem x profissões de mulher...
Ao passo que Roney ia apresentando as imagens, as alunas iam trazendo questões de seu dia a dia para ilustrar o seu entendimento da imagem. Várias foram as colocações, algumas diziam de naturalizações de gênero como homem, naturalmente propenso a traição, mulheres naturalmente afeitas ao perdão, enfim, muitas foram as questões trazidas pelas alunas.
Roney encerra a aula lembrando às alunas de enviarem as letras de funk para seu e-mail e incluí-las no diário. Roney indica a leitura do texto: “Marcas do corpo, marcas de poder” presente no livro “Um corpo estranho: ensaios sobre sexualidade e teoria queer” de Guacira Lopes Louro.



Registro da aula do dia 06 de novembro de 2013.

Nesse dia, por questões de confusão de horários, cheguei as 9:00h, portanto o relato que se segue refere-se a aula a partir desse horário.
Roney estava trabalhando com as alunas com um PowerPoint, cujo título era: Gênero, desigualdade e violência. As discussões giravam em torno de: misoginia, cultura machista, violência de gênero, homofobia, violência contra a mulher, dentre outros.
Roney fala sobre um vídeo de um congresso de mulheres evangélicas que pregava dentre outras coisas a submissão da mulher em relação ao homem, com isso, discutiu que coexistem em uma mesma sociedade e em um mesmo tempo histórico diferentes discursos e entendimentos sobre um mesmo assunto, que no caso dizem da submissão versus empoderamento da mulher. O PowerPoint trazia ainda cenas da Marcha das Vadias, trazendo as reivindicações feministas na atualidade, e uma discussão das masculinidades nos dias de hoje. O PowerPoint encerra com uma imagem da Maria da Penha, com qual Roney traz uma discussão sobre medidas protetivas e violência contra as mulheres levantadas pela “Lei Maria da Penha”.
Para falar sobre a cultura do estupro Roney trouxe para a turma o vídeo “A culpa é sua” que trata-se de uma sátira a culpabilização da mulher por esse tipo de violência. Discutindo sobre este vídeo as alunas foram desenrolando uma discussão sobre o tratamento médico direcionado às mulheres que apresenta um viés misógino, seja em relação a procedimentos ginecológicos como em relação ao tratamento médico em geral que segundo as discussões deveria ser mais humanizado. Neste momento as alunas trouxeram vários relatos nos quais se sentiram mal atendidas pelos profissionais de saúde, que diziam desde questões de gênero até de questões de tratamento digno em geral.
Retomando a “Lei Maria da Penha”, discutimos que ela aborda de uma violência direcionada a um grupo específico, por isso tratasse de uma violência de gênero, que antes de sua efetividade nos casos de violência contra a mulher traz toda uma questão política de discutir este tipo de violência.
Discutimos também a questão do assédio. Falamos da naturalização desses episódios, reafirmando uma frase apresentada no PowerPoint “assédio não é elogio”.
Antes de terminar a aula Roney retoma com as alunas a questão da presença/atraso em suas aulas, questão essa discutida no primeiro dia de aula. Conforme ele já havia comunicado às alunas por e-mail, ficou muito incomodado com o fato de algumas alunas terem abandonado a disciplina em virtude de não poderem comparecer à disciplina no horário combinado com a turma. Roney esclareceu que está aberto ao diálogo, que antes de trancarem a disciplina as alunas poderiam ter retomado a discussão com a turma para que junt@s pudessem ter reelaborado o acordo. Roney disse querer sair desse lugar ocupado pelo professor de ensino fundamental de ficar fiscalizando o horário das alunas, disse não se sentir a vontade nessa posição, com isso combinou que iniciará a aula no horário combinado com a turma, ou seja, as 7:30h, não prejudicando assim aquelas alunas que chegarem cedo, mas que a presença ele fará ao final da aula. Dessa forma, conta com o envolvimento da turma em chegar o mais cedo possível e participar da aula, porque a pontualidade e o envolvimento serão pensados como uma forma de avaliação em relação disciplina.
O texto “Marcas do corpo, marcas de poder”, indicado na aula anterior será discutido na próxima aula.

Relato da aula do dia 30 de outubro de 2013




Roney fez a chamada e iniciou a aula lembrando às alunas que todas as pequenas tarefas pedidas por ele devem ser registradas no diário para serem discutidas em aula.
Roney prossegue apresentando a animação “Minha vida de João” do Instituto Pró-mundo. Pede que as alunas observem com atenção a atuação do lápis e os marcadores de gênero presentes no filme. Terminado vídeo, Roney se dirige às alunas para saber o que elas acharam da animação. Diante do silêncio das alunas, Roney volta sua pergunta para os dois pontos que pediu que elas observassem: o lápis e os marcadores de gênero.
As alunas dizem que o lápis estaria atuando para demarcar o que seriam as atitudes ditas femininas e as atitudes ditas masculinas. Seria a sociedade atuando nos processos de subjetivação dos sujeitos, ditando-lhes regras e enquadramentos. Uma aluna faz a correlação do lápis com a caixa apresentada no curta “Rosazul”, que assistimos em aula anterior. O lápis atua na colocação dos sujeitos em caixinhas, dizendo-lhes o que é apropriado ou não para seu gênero, como por exemplo: cuidar de criança é coisa de mulher, homem não chora, o homem tem que trair, ficar com várias parceiras, homem tem que ser machão, tem que brigar, se expor a violência...
Sobre os marcadores as alunas falaram que eles estão por toda a parte “educando” as pessoas sobre posturas esperadas para seu gênero. Uma aluna fala sobre a avó de seu namorado que, assim como o lápis, fica ditando para ela como ela deve se comportar: cuidar da família, cuidar da casa... Outra aluna fala que sua avó é bem diferente, ela disse que apesar da avó ser uma mulher que cuidou de casa e dos filhos, acredita que hoje as mulheres devam ocupar outros espaços, como estudar e trabalhar fora.
Uma aluna dá um relato de sua vida pessoal. Segundo ela, o pai sempre foi muito mulherengo e machista. Não queria que ela estudasse e lia o mundo sob suas lentes, ou seja, as mulheres devem viver aprontando, traindo e mentindo, por isso preferia a filha dentro de casa ao invés de ir para a escola. Essa aluna se casou cedo e o marido, por se militar e vir de uma família grande com vários irmãos homens, era bem machista, também. No entanto, segundo ela, ele teve que mudar. Ela foi “ensinando-o” a ser mais participativo nas tarefas domésticas e ele vem tentando mudar, só pede para que ela não divulgue estas mudanças junto aos amigos, senão os amigos podem achar que ele “está virando mulherzinha”. Segundo a aluna houve uma negociação entre eles: quando ela se casou os dois faziam faculdade; quando ela engravidou ela ficou em casa cuidando das filhas e ele foi estudar; agora que as filhas estão maiores ela voltou a estudar e ele contribui com os cuidados da casa. De acordo com a aluna, hoje em dia, os dois têm que trabalhar fora e dividir as tarefas de casa, porque a vida hoje em dia é bem diferente do que era antigamente.
Após várias colocações por parte das alunas sobre os marcadores de gênero que as fizeram pensar durante a semana, Roney apresentou para a turma um PowerPoint contendo várias imagens sobre os marcadores de gênero que ele colecionou durante a semana. Tratava-se de imagens que problematizavam o uso do rosa e do azul para homens e mulheres; concursos para pequenas misses; erotização de corpos femininos infantis; brinquedos para meninos e para meninas...
Junto com as alunas Roney problematizou os processos educativos que constroem corpos generificados ao longo da vida. Como as masculinidades e as feminilidades vão sendo construídas desde que éramos bem pequen@s, na convivência nos ambientes sociais. Falamos das masculinidades que, na maioria dos casos passa pela agressividade e para uma maior exposição à violência.
Roney apresentou como atividade para a próxima aula, duas tarefas: conversar sobre feminismo com duas ou três mulheres de diferentes idades e anotar suas impressões e curiosidades no diário de bordo. A outra tarefa seria trazer letras de Funk que falem de mulher.

Relato das aulas dos dias 07 e 09 de outubro de 2013

Registro da aula do dia 07 de outubro de 2013


Nesse primeiro dia de aula, Roney iniciou os trabalhos acolhendo as alunas, desejando-lhes boas-vindas e um semestre proveitoso. Dando segmento, falou sobre a dinâmica das aulas e dos compromissos necessários para que o semestre transcorra da melhor forma possível. Para isso falou sobre a seriedade com os horários de chegada, saída, assiduidade e comprometimento com as atividades propostas. Roney apresentou o cronograma da disciplina e as formas de avaliação, ressaltando que estes serão construídos no decorrer da disciplina, sempre com intencionalidade e compromisso com a proposta da disciplina que seria de problematizar as questões de gênero e sexualidade frente a educação. A avaliação da disciplina focará a assiduidade, pontualidade, bem como a participação nas discussões em aula. Participações estas fundamentadas e embasadas nos textos de referência indicados. A avaliação se dará, também, na realização de tarefas em sala de aula e atividades extraclasse. Roney propôs para a turma a confecção do “Diário de Bordo” como uma forma participação e diálogo com a disciplina. O que foi proposto é que as alunas narrassem seus percursos as suas experiências ao longo da disciplina, para tanto, Roney apresentou um PowerPoint, sobre este trabalho. Trouxe vários fragmentos de “Diários” feitos em outros períodos, bem como referenciais teóricos que embasam este trabalho. Roney trouxe discussões sobre narrativa, experiência, construção de si, dentre outros conceitos, a partir dos estudos de Michel Foucault e seus comentadores. Nesse PowerPoint, o professor apresentou ainda formatos, discussões e dúvidas surgidas no desenvolvimento desse trabalho. Roney discutiu sobre o que seria e o que não seria um diário de bordo, assuntos estes apontades no PowerPoint e em um material distribuído às alunas. O professor apresentou ainda uma bibliografia básica e Blog’s e sites interessantes para enriquecer as discussões na disciplina. Como uma das atividades da disciplina, Roney disponibilizou para as alunas uma lista de filmes com temáticas que abordam questões de gênero. A proposta é que cada aluna escolha um filme e pense esse filme a partir das discussões da disciplina trazendo essas discussões para a turma. Em um segundo momento, Roney propôs que eu me apresentasse situando a minha participação nas aulas e a minha temática de pesquisa no doutorado. Apresentei-me, agradeci a oportunidade de estar com a turma e de poder partilhar aprendizados mediante o acompanhamento das atividades docentes de Roney Polato. Falei também sobre a minha pesquisa que apresenta como tema os atravessamentos de classe, gênero e educação escolarizada, focando nas narrativas e construção de si, de mulheres dos meios populares e suas relações com a educação escolarizada. Após a minha fala Roney convidou as alunas a se apresentarem e a dizerem sobre suas expectativas quanto a disciplina. Este momento foi muito rico uma vez que as alunas relataram sobre o seu interesse pela disciplina deixando visível a multiplicidade de motivadores que as trouxeram à disciplina. Algumas alunas disseram ter procurado a disciplina por indicações de colegas, outras por terem participado de minicurso e palestras com o Roney, outras ainda por questões pessoais no sentido de buscarem compreender posicionamentos de gênero muito marcados em sua família, outras disseram querer compreender as aproximações e distanciamentos dessas discussões com as trazidas pela religião que professam. Muitas disseram sobre a preocupação de se prepararem para “enfrentar” os desafios apresentados no cotidiano escolar. Roney acompanhou e fez intervenções e esclarecimentos a partir das falas das alunas. Reafirmou a necessidade de compromisso com as leituras propostas e indicou para a aula do dia 9 de outubro (próxima aula) a leitura do texto de Guacira Louro: Gênero e sexualidade: pedagogias contemporâneas.


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Registro da aula do dia 09 de outubro de 2013


Roney inicia a aula pontualmente no horário marcado e faz a chamada. Inicia com dois curtas produzidos pela professora Constantina Xavier Filha: “Rosazul no Reino do Arco-íris” e “Isso é de Menina ou de menino” (Anima Mundi). As alunas assistem atentamente ao vídeo, às vezes riem, fazem pequenos comentários com as colegas próximas. A ideia era que as alunas pensassem os vídeos a partir do texto “Gênero e sexualidade: pedagogias contemporâneas” de Guacira Lopes Louro. Terminada a apresentação do vídeo, Roney abre o espaço para debate. As alunas fazem colocações sobre as divisões binárias entre o que é de menino e o que é de menina. Trazem experiências de seus cotidianos que dizem sobre a temática dos curtas, trazem inquietações, angustias e problematizações de fatos vivenciados. Falam de seus estágios, de sua atuação profissional, de suas experiência como mãe, filha, irmã, aluna, professora, que retratam embargos e enquadramentos de gênero. Roney retoma as discussões para focar no atravessamento com a escola, situando-a como uma instituição que educa e disciplina. Roney problematiza: O que incomoda mais o rosa para meninos ou o azul para meninas? As alunas discutem sobre esta questão. Uma aluna relata um fato vivenciado por sobre uma menina que gostava de se vestir de Batman. Outra aluna fala do seu tempo de adolescência em que adorava jogar futebol mas que teve que suprimir esse desejo em função de cobranças e interdições de familiares. Uma outra aluna fala sobre a preocupação de sua família em relação a uma de suas crianças que se aproxima do “mundo” dito feminino. As alunas apontam que a escola tem uma vigilância maior sobre os meninos que se aproximam de uma identificação com os mundos construídos para as meninas. As demais alunas problematizam e trazem outros casos a esse respeito. Uma aluna fez um relato vivenciado em seu estágio em que a professora, diante do desejo de um aluno o arruma com roupas de princesa. Diante desse relato Roney destaca que a escola sendo espaço de disciplinarização de corpos se constitui também como espaço de escapes. Voltando ao vídeo, Roney chama a atenção para a menina retratada que instiga o menino à sair do lugar, da caixinha que a sociedade constrói para os gêneros. Falamos do desejo demonstrado pelas crianças de experimentarem tudo, de conhecerem o mundo em toda sua potencialidade e, isso inclui brincar com os brinquedos e roupas instituídos socialmente para o gênero oposto ao seu. Discutimos sobre como o adulto dificulta essa experiência, erguendo fronteiras e interdições de gênero. Discutimos como essas fronteiras podem ser ostensivas, mas também sutis, portanto invisíveis. Discutimos ainda como organizamos a vida dos sujeitos desde o útero a partir de uma pergunta: “ é menino ou menina?”... Roney organizou um PowerPoint no sentido de pontuar mais detidamente o texto foco da aula. Antes, porém pergunta as alunas se elas teriam alguma pergunta, colocações ou dúvidas sobre o texto. Uma aluna pergunta sobre a palavra recrudescimento. Roney devolve a pergunta para as alunas para ver se alguma colega poderia ajudar a esclarecer o sentido da palavra. Como não houve manifestações, Roney situa a palavra no texto e explica a expressão para a turma. Voltando ao texto e a apresentação do PowerPoint Roney começa falando sobre os dualismos construídos na sociedade usados para posicionar, organizar e enquadrar as pessoas. Fala que mais interessante do que os dualismo, ou o uso da palavra “ou” é pensar na palavra ou no sentido do “e”, não se trata de pensar em isto “ou” aquilo, mas pensar no isto “e” aquilo. É pensar para além dos dualismos e pensar na pluralidade do ser, na complementaridade. Roney fala que o espanto diante do novo, das pluralidades, causa incômodo e isso é aceitáve, mas a questão é o que fazemos com este estranhamento. Se o estranhamento me levar ao isolamento desse “estranho” temos um problema, mas se este estranhamento me leva a pensar, a me movimentar, aí temos um caminho interessante com vistas a uma superação dos preconceitos e isolamentos das pessoas. Diante das colocações das alunas de acreditarem que têm que saber sempre o que fazer na escola em relação às questões de gênero e sexualidade, Roney fala que isto é um mito. Não há uma verdade absoluta ou mesmo receitas prontas para se resolver estas questões na escola, o que se pode fazer é se embasar teoricamente para encontrar caminhos contingentes para as questões que surgirem. Afinal se as relações são plurais e diversas, tornasse impossível fazer um manual que abarque todas as questões que podem se dar no ambiente escolar. Os saberesfazeres sobre gênero e sexualidade se dão e devem ser construídos cotidianamente no ambiente escolar, a partir das incertezas do vivido. Roney fala da organização binária em que está organizada a nossa sociedade e diante de colocações das alunas de que as novelas vêm continuamente trazendo outras formas de ser, Roney afirma que há um movimento de pensamento surgindo na sociedade que passa a ser visibilizado, inclusive nas novelas e a partir delas. Falamos do recrudescimento em relação às mulheres que atualmente passam a ocupar espaços e a exercer profissões consideradas tipicamente masculinas. Aí falamos também dos homens ocupando espaços e profissões tipicamente femininas. Encerrada apresentação do PowerPoint, Roney pergunta às alunas se havia alguma questão ou dúvidas. Como as alunas não se pronunciaram, Roney recolhe uma lista com os e-mails das alunas para facilitar possíveis contatos e avisa que possivelmente iria exibir o filme "Mi vie en rose” na próxima aula. Roney distribui para as alunas o livro “Tecendo Gênero e Diversidade Sexual nos Currículos da Educação Infantil.1 ed.Lavras : UFLA, 2012, p. 01-532” e ratifica os combinados de pontualidade, assiduidade e comprometimento com as aulas. Roney combina com as alunas que na próxima aula irá fazer uma única chamada no início da aula, portanto todas devem chegar no horário.

domingo, 25 de agosto de 2013

Meu garoto princesa


Síntese dos textos "Entre batons,esmaltes e fantasias" e "Erotização dos corpos infantis"

Por: Taliene Rodrigues Candido

EROTIZAÇÃO DOS CORPOS INFANTIS

A partir do século XVIII houve transformações em relação ao conceito de infância, isso devido, também, às mudanças no ambiente familiar e escolar juntamente com as novas tecnologias, os meios de comunicação e a internet. A imagem da criança pura e ingênua tem perdido espaço para imagens erotizadas, especialmente em relação as meninas.
Ao longo da história foram criando-se conceitos sobre o corpo humano, a através disso surge a questão do sexo, dependendo desde maior ou menor status, como ainda vemos hoje em dia corpos masculinos e femininos não tem sido percebidos nem valorizados da mesma forma e em nossa cultura os nossos corpos representa nossa identidade. O corpo, hoje em dia, para ser um bom corpo, precisa ser quase que esculpido, várias pessoas passam por processos cirúrgicos com o objetivo de atingir a perfeição, há sempre uma preocupação com a imagem. Uma cobrança; será esta feita pela sociedade?
A beleza foi imposta através de um padrão, um corpo magro e jovem, sendo este corpo submetido a sacrifícios , tudo em nome da beleza. Isso fica claro em propagandas, e chegou também em propagandas infantis, sempre cultivando a beleza aliada ao supérfluo, ao consumo. As crianças passaram a ser vistas como pequenos consumidores, sendo alvo contante de propagandas. Não bastando serem vistas como consumidoras, a infância passou a ser vista como algo a ser apreciado, desejado, uma espécia de "pedofilização", a mídia vincula a imagem da criança com a erotização, um exemplo, seria propagandas onde crianças se encontram em pose sensual ou despidas.
É comum ouvirmos em nossa cultura que a criança é um ser puro e inocente e aproximá-las dos prazeres eróticos seria como tirar sua própria natureza. No século XIX foram criadas leis para garantir a proteção das crianças e agora já existe uma Campanha Nacional de Combate a Erotização e Abuso sexual Infanto-juvenil. Sendo uma das maiores preocupações a exploração sexual: pornografia, prostituição, estupro, incesto. Esqueceram porém do que a mídia anda oferecendo para essas crianças, há uma grande contradição ao que se prega. 

ENTRE BATONS, ESMALTES E FANTASIAS

Há poucos estudos sobre a construção das identidades de gênero e identidades sexuais na infância. Este texto parte de observações feitas em duas instituições e com isso evidenciaram que mesmo sem querer as professoras acabavam reproduzindo a desigualdade de gênero.
As escolas no geral não propõe outras formas de masculino e feminino apenas reafirma as que já existem e o que foge desse padrão é anormal ou está desviado. A preocupação das professoras é ainda maior com os meninos e acabam sendo vigilantes da orientação sexual da criança.
Para algumas professoras não é legal menino brincar com menina, sendo assim desde cedo a companhia feminina pode ser algo inferior, pois se o garotinho brincar só com meninas vai virar uma "mulherzinha". Esta vigilância da masculinidade infantil é como se fosse uma garantia da masculinidade adulta, muitas vezes as ciências psicológicas vem sendo utilizada para "ajustar" os indivíduos aos padrões da sociedade. As identidades devem ser vistas como múltiplas e muitas vezes nas instituições escolares essas questões não estão bem discutidas, a heterossexualidade é vista como modelo padrão  e o restante como anormal.
Há também resistência por parte dos pais para uma educação sexual voltada para essas questões de gênero e sexualidade, pois veem a infância como algo puro e tetam preservá-las desses tipos de conhecimento, mas ignoram a educação por parte da mídia: TVs, jornais, revistas, outdoors, etc. 
Até mesmo em escolas de ensino médio e cursos de formação docente, raramente se vê no currículo disciplinas relacionadas á esse assunto, sendo este de grande importância, pois na maioria das vezes acaba reproduzindo diferenças e desigualdades.

REFERÊNCIAS

NECKEL, Jane Felipe. Erotização dos corpos infantis. In: LOURO, Guacira L.; NECKEL, Jane F.; GOELLNER, Silvana V. (orgs). Corpo, Gênero e Sexualidade: um debate contemporâneo na educação. RJ: Vozes, 2003.

FELIPE, Jane; GUIZZO, Bianca S. Entre batons, esmaltes e fantasias. In: MEYER, Dagmar E.; SOARES, Rosangela (orgs.). Corpo, gênero e sexualidade. Porto Alegre: Mediação, 2004.

http://sendocrianca.blogspot.com.br/2012/06/erotizacao-infantil.html