domingo, 30 de junho de 2013

ONU contra a homofobia


Assistam!

Síntese do texto "Origens históricas da teoria queer"


Por: Lilian Dalamura, Mariana Gotti e Sabrina Simeão.

     O primeiro capítulo do livro “Teoria Queer: um aprendizado pelas diferenças” o autor Richard Miskolci relata sobre o queer é um novo movimento político e teórico que emergiu do impulso crítico a “ordem sexual”, na década 1960 são conhecidos também como “novos movimentos sociais”. Assim como os demais movimentos sociais operários, feministas,  homossexuais, entre outros.
     De acordo com Miskolci (2012), na perspectiva da  política o queer surgiu no espírito iconoclasta de alguns movimentos sociais pela luta de separar a sexualidade da reprodução, apontando a essência do prazer. Ainda o queer pode representar a desconstrução das normas exigidas pela sociedade argumentam sobre a sexualidade, gênero e cultura. A teoria queer se expandiu no meio das obras acadêmicas em diversos países como no Brasil, França e Estados Unidos. Vale a pena ressaltarmos alguns pressupostos teóricos na teoria queer como: Guy Hocquenghem O desejo sexual; Gayle Rubin Pensando sobre Sexo; Néstor Perlongher O negócio do michê  e O que é AIDS ?
     A política e a teoria queer desdobrou na segunda metade da década de 80 nos Estados Unidos, quando surgiu a epidemia da AIDS uma polêmica sexual na história e a área da saúde. Esta epidemia é tanto um fato biológico como social. A AIDS é conhecida como DST, mais tarde surgiu o vírus da hepatite B, uma doença viral se tornou-se uma espécie de castigo ou punição para aqueles desobedientes, malcomportados, irreverentes, ou que ousam perturbar paradigmas consagrados da ordem sexual tradicional.
     Segundo Miskolci (2012), a Queer Nation é proveniente “ [...] da palavra queer, a nação anormal, a nação esquisita, a nação bicha” (p. 24). Vale a pena ressaltarmos que queer é um xingamento, é um palavrão em inglês, sim uma injúria. Queer Nation era uma parte da nação rejeitada pela sociedade e considerada abjeta que significa nojo e desprezo, “medo de contaminação”. Portanto, surge o queer uma resistência ao novo momento biopolítico surgido pela AIDS. 
     Há uma problematização da teoria queer  que não é igual ao homossexualidade, porém da adjeta uma minoria que são considerados uma ameaça para a sociedade, bom comportamento à ordem social e  política.  O movimento queer critica a emergente “heteronormatividade”, ou seja, gays e lésbicas podem ser aceitos pela sociedade, mas  a favor “aqueles” e “aquelas”, anormais e excluídos,  ainda são menosprezados e rejeitados por não se moldurarem  suas vidas amorosas e sexuais no modelo “heterorreprodutivo”.
     De acordo com Miskolci (2012), outro fator que o movimento queer irá contrapor  é: “ [...] com as convenções culturais, com as obrigações que nos são impostas em termos de comportamento.” (p. 26).  O queer é considerado um espírito político queer da mera luta pró-homossexualidade, para a filósofa Judith Butler “o queer é uma nova política de gênero” (p.27 ).
     Foucault é o principal responsável pela mudança na sociedade que apresenta diversas reflexões da “concepção do poder.” No final da década de 80 surgiu uma nova política de gênero que baseou das ideias de Foucault aponta que a cultura e suas normas criam sujeitos. Esse novo movimento que enfatiza nas práticas das identidades, problematiza a cultura dominante, suas normas e os arranjos sociais.
     A partir dos anos de 1980, os estudos queer passam por uma modificação, especialmente com o lançamento dos três principais livros embasados nesta teoria,  são eles: Problemas de gênero de Judith Butler; Cem anos de homossexualidade de David M. Halperin e o fundador da Teoria Querr, A epistemologia do armário, de Eve Kosofsky,  no qual estes livros questionam a heterossexualidade como sendo um produto de uma construção social, assim como a homossexualidade, enfatizando que o ser humano “ [...] não possui um número limitado de desejo” (p.31).
     Esta teoria tem seus embasamentos em estudos feministas, se diferenciando dos estudos gays pelo fato do primeiro possuir uma visão crítica sobre as normas impostas pela sociedade a respeito do gênero e da sexualidade, no qual a sociedade possui uma grande necessidade  a todo tempo nomear e rotular os sujeitos, esta teoria tem um duplo efeito: ela completa “[...] os estudos gays e lésbicos com uma perspectiva feminista que lida com o conceito de gênero, e também sofistica o feminismo” (p.31).
     E os estudos gays em sua maioria priorizam um padrão de gay que a sociedade considera como “normal” que adotam uma postura masculina, geralmente da classe média, branco e que a sociedade considera como padrão, deixando a margem os excluídos que rompem com as normas de gênero.
     Nota-se que a escola funciona como um local onde aprendemos as formas de ser e agir esperadas pela sociedade, e esta vê o desejo e a sexualidade como uma ameaça constante para isso muitos passam a adotar padrões heterossexuais para não serem vítimas de preconceitos.
     Deste modo a teoria queer busca estudar estas pessoas excluídas socialmente, que sofrem violências e insultos e que a sociedade incentiva o conformismo e a repressão destas pessoas lidarem com o desejo de forma “comportada”.
      Essas violências são vistas como uma “expressão do heterossexismo da forma como somos socializados dentro de um regime de “terrorismo cultural” (p.33). Esse nome busca ressaltar a maneira como socialmente os gays adotam este heterossexismo, fazendo do medo da violência a forma mais eficiente de imposição da heterossexualidade compulsória.

REFERÊNCIA
MISKOLCI, Richard. Origens históricas da Teoria Queer. In: Teoria Queer: um aprendizado pelas diferenças. Belo Horizonte: Autêntica: UFOP, 2012.

Sobre os Estudos Queer e a Educação

Para maior aprofundamento das relações entre as teorizações queer e a educação, leiam os seguintes textos:


Os Estudos Queer e a educação no Brasil: articulações, tensões, resistências.

Disponível em: http://www.contemporanea.ufscar.br/index.php/contemporanea/article/view/87



Teoria Queer: uma política pós-identitária para a educação

Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/ref/v9n2/8639.pdf



A educação enquanto prática transgressora: pressupostos e possibilidades da teoria queer

Disponível em: http://www.ufscar.br/~pedagogia/novo/files/tcc/tcc_turma_2005/260924.pdf



A teoria queer e a questão das diferenças: por uma analítica da normalização

Disponível em: http://xa.yimg.com/kq/groups/24805135/427522231/name/prog03_01.pdf




Quatro intervenções para uma pedagogia queer

Disponível em: http://www.anped.org.br/reunioes/31ra/1trabalho/GT23-4614--Int.pdf




Gênero, sexualidade e educação: notas para uma "epistemologia"

Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0104-40602009000300004&script=sci_arttext



domingo, 23 de junho de 2013

Síntese do texto A Homossexualidade e a Perspectiva Foucaltiana

Por: Cristina Assis e Carla Vieira

Para entender a concepção foucaultiana de homossexualidade os autores começam a explicar o que ele denomina como “dispositivo da sexualidade” que seria o preceito usado para produzir e reger a sexualidade, bem como o sexo (ato sexual) disciplinado. Regidas por (...) “práticas discursivas e não discursivas, saberes e poderes que visam normatizar, controlar e estabelecer ‘verdades’ a respeito do corpo e seus prazeres.” (MADLENER e DINIS, 2007, p. 50). Esse dispositivo interfere nas subjetividades e nas construções referentes aos prazeres e ao corpo, atribuindo a sexualidade ao prazer fálico, ligado intrinsecamente ao ato sexual. Nesse contexto a ideia de homossexualidade é produzida historicamente a partir de interesses médicos como objeto de análise. Simultaneamente os homossexuais também se manifestaram para mostrar a sua realidade a partir do seu próprio ponto de vista.

Foucault atribuiu importância a esse movimento homossexual, mas não pela via do “dispositivo da sexualidade”, pois ele foi contra aquilo que é dito como ‘verdadeiro’ pela sociedade normatizadora. Deve-se transcender a ‘especificidade sexual’ para reinvindicar “(...) formas de cultura, de discurso de linguagem, etc. que são não mais esta espécie de determinação e de fixação a seu sexo”. (FOUCALT, 1996, p.268 apud MADLENER e DINIS, 2007, p. 52).

Na discussão da identidade homossexual Foucault se preocupa em inventar modos de vida que superem as questões sexuais, não determinando a homossexualidade à questão biológica, gênero e identidade sexual, que delimita práticas, caindo nas armadilhas da norma, que a vêem como desvios ou transgressões, como fazem a justiça e a medicina.

Ter preferências sobre determinado objeto amoroso não é condição que determina a identidade sexual. Essa noção de identidade é como se impõe a tradição do binarismo em nossa sociedade hetero/homo, homem/mulher, feminino/masculino. Esse discurso aparece tanto naqueles a favor ou contra a homossexualidade, comparando-a com outra coisa, ou seu oposto, constituindo como sua diferença.
Deve-se ampliar a questão sobre a reflexão da construção de identidades, considerando-a como uma construção social “(...) impossibilitando assim a delimitação precisa de uma identidade e de suas características próprias (...) seu construto é instável, mutável e volátil, uma relação social contraditória e não finalizada. (...) constantemente rearranjada (...)” (MADLENER e DINIS, 2007, p. 55). Que a cada experiência pode ser transformada ou renovada, libertando-se de valores morais socialmente impostos e regulados.

Foucault também combate a imagem que se refere a homossexualidade como apenas uma “forma de um prazer imediato”, que é vista na opinião pública em geral como apenas prática sexual e não associado a outros sentimentos próprios de relacionamentos heterossexuais. Há os chamados mitos, pela autora Britzman (1996), que reforçam a permanência a heteronormatividade, descrevendo a homossexualidade como um desvio. Um dos mitos é a ideia que o normal ou natural é a forma heterossexual que poderia ser “contagiada” pela homossexualidade. O segundo é a falta de maturidade dos jovens em definir-se sexualmente, sendo os homossexuais sujeitos à “regeneração”. O terceiro mito pressupõe a construção de identidades sexuais de forma particular ou privada, sem a participação do espaço social, e isso não é possível segundo a autora.

A luta dos homossexuais deve ir além da igualdade de direitos, em relação aos heterossexuais, pois isso institucionaliza e limita:

(...) uma forma de vida que pode inventar uma série de possibilidades de existência, que podem ir além do casamento, da família e da monogamia imposta pelo Estado. Seria inverter o processo criativo de construção de uma ética individual e de novas formas de relacionamento. (MADLENER e DINIS, 2007, p. 58).

Seria aspirar por um novo “direito relacional” permitindo todo tipo possível de relação e não impedi-las, bloqueá-las ou limitá-las. E esse novo modo de vida, segundo Focault, superaria as barreiras sociais e históricas, pois, poderia ser um modo de qualquer indivíduo independente de sua idade ou atividade social. A luta seria para não criar um padrão rígido homossexual regulamentando suas práticas, o discurso moralizante seria substituído por uma resistência criativa, inventando novas formas de ser, sem impor uma identidade fixa. “Criar novas formas de vida que reconheçam a multiplicidade de prazeres e desejos, bem como as diversas formas de ser homem e mulher” (MADLENER e DINIS, 2007, p. 58).

Fonte: Revista do Departamento de Psicologia - UFF, Niterói, v.19, n.1, p. 49-60, jan./jun., 2007.

sexta-feira, 14 de junho de 2013

Síntese do texto "Despatolozição do gênero: a politização das identidades abjetas"


Por: Edilaine de Paula Silva, Fernanda Paschoaline Frias e Taís de Cássia dos Santos

Apresentaremos a seguir uma síntese do texto “Despatologização do gênero: a politização das identidades abjetas”, de Berenice Bento e Larissa Pelúcio. O referido texto trata das questões políticas e sociais que envolvem a transexualidade e a travestilidade, e que muitas vezes são tratadas como doenças ou transtornos mentais. As autoras abordam iniciativas que apontam para o fim de diagnósticos em relação ao gênero.

Inicialmente o texto traz um depoimento de Daniela Glamour Garcia que protagonizou um documentário sobre sexualidade abjeta. Esta diz ser incompreendida, mas não se sente doente e curável. Durante o documentário Daniela se sente constrangida e percebe uma pressão por parte da sociedade, que obriga que sujeitos pensem em seus corpos durante todo o tempo. Esta realizou então o processo transexualizador. As autoras buscam responder a questões relacionadas à origem de categorias diagnósticas, as consequências desse processo, a fim de desconstruir certas concepções.

As autoras ressaltam que em 1950 foi discutida a questão do fenômeno transexual, justificando esta a partir da diferenciação em relação à heterossexualidade. Foi observado que os transexuais apresentavam abjeção para com as genitálias. Benjamin, citado por Bento e Pelúcio (2012) defende as cirurgias de transgenitalização como uma solução para tal diagnóstico. Já outros profissionais, como psicólogos, psiquiatras e psicanalistas se contrapunham a esse pensamento, defendendo as psicoterapias. Nas décadas de 60 e 70 as cirurgias se intensificaram.

As pesquisadoras citam o Harry Benjamin International Gender Dysphoria Association, criado em 1977. Essa campanha tinha o propósito de articular consensos acerca das “Desordens de identidade de gênero”, articulando profissionais em busca de estabelecer parâmetros de assistências a pessoas que possuem esse tipo de “problema”. Esse foi o marco da Transexualidade vista como doença.

Outro documento citado é o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, o qual afirma a ideia de transtornos mentais aos transexuais, mencionando possíveis diagnósticos e tratamentos aos profissionais. O gênero e a subjetividade são constitutivos do ser humano, apresentando sua identidade e qualquer desvio é visto como algo possível de ser diagnosticado.

Cada documento mostra uma opinião, mas tem em comum a noção de pessoas que são transtornadas pelas suas opções. O SOC, segundo as autoras, apresentam somente a cirurgia como alternativa. O DSM-IV apontam as manifestações do “transtorno”, além da cirurgia, não havendo distinção entre gênero, sexo e sexualidade. Esse mesmo documento substituiu o termo “Transexualismo” para “Transtorno de identidade de gênero”. O CID-10 apresenta uma convenção médica com características das doenças.  São enquadradas nessa categoria as pessoas que sentem incomodadas com seu sexo.

As autoras se referem à patologização da sexualidade como transtornos de gênero, com referencia a diferenças. É citada a experiência de Giancarlo Cornejo que era considerado afeminado e sofreu por tentativas de masculinização, já que era considerado “doente”. Bem diz as autoras quando descartam a patologização e não considera as diferentes formas de opção sexual como doenças.

As autoras trazem neste tópico “Resistência contra a Patologização: o gênero politizado”, as manifestações feitas pelo movimento DSM desde 1952, até o ano de 2012, apresentando questões sobre a retirada da transexualidade do rol das doenças identificáveis como transtornos mentais, dentre elas destacando em cinco pontos:

v  retirada do Transtorno de Identidade de Gênero (TIG) do DSM-V e do CID-11;

v  retirada da menção de sexo dos documentos oficiais;

v  abolição dos tratamentos de normalização binária para pessoas intersexo;

v  livre acesso aos tratamentos hormonais e às cirurgias (sem a tutela psiquiátrica);

v  luta contra a transfobia, propiciando a educação e a inserção social e laboral das pessoas transexuais.

Sendo que estas primeiras manifestações nesse sentido ocorreram em Madri, Barcelona e Paris, em 2007; relatam as autoras.

Segundo Bento e Pelúcio (2012, P. 5) argumentam que no Brasil, algumas/uns ativistas temam pela perda de direitos conquistados como, “a garantia de acesso gratuito ao processo transexualizador pelo Sistema Único de Saúde (SUS)  acreditando que a Patologização não garantiu direitos de fato, mas impôs um modelo para se pensar a transexualidade como experiência catalogável, curável e passível de normalização”. Tratando–se de um processo em que se qualifica saberes científicos, em que podem ser considerado como uma única “solução” que pode provocar os preceitos de gênero. Também abordando neste mesmo processo, concedendo a adesão dos corpos e das subjetividades de pessoas que se afirmam como transexuais. Miguel Missé reivindica esta autonomia, quando escreve que lutar pela Despatologização é “defender que nossas identidades fazem parte da diversidade e que temos direito a modificar nosso corpo quando assim decidirmos”,relatam as autoras em seu presente texto.

“Quem são os/as normais e os/as transtornados/as de gênero? Destacam neste tópico as autoras fazem uma leitura da campanha pelo “fim do diagnóstico de gênero tem que enfrentar argumentos que utilizam como estratégica discursiva a diferença” (P. 6)

As autoras buscam abreviar um valor tanto teórico e político em apresentar as fragilidades e as lacunas dos argumentos em defesa da patologização do gênero. Referem-se ainda que a sua preferência em sua grande discussão neste texto, por “nomear "patologização do gênero" em vez de "psiquiatrização do gênero", por entendermos que há um conjunto de saberes polimorfos que se articulam para produzir as normas e os normais de gênero”. (P. 6)

Argumento I – Diferença natural entre os gêneros: Transexuais e travestis são doentes porque ou se nasce homem ou se nasce mulher.

            São doentes porque partindo do principio do pensamento científico a diferença sexual é natural do ser humano, sendo assim só há duas possibilidades: homem e mulher. Por isso a necessidade em dar um diagnóstico de doença para pessoas que “fogem ao padrão” aceitável por essa sociedade.

            Porém não é considerado, como nos diz as autoras, a complexidade de nossos corpos, pois esse não pode ser visto como uma categoria/base física pura. “Aqueles sinais e funções corporais que definimos como masculinos e femininos já vêm misturados em nossas ideias sobre o gênero” (p.6).

            Argumento II – A visão suicidógena : Não se pode retirar a obrigatoriedade da terapia psicológica ou flexibilizar o protocolo. Há relatos de pessoas transexuais que se suicidaram porque fizeram as transformações corporais e depois se arrependeram. Essas cirurgias são irreversíveis.

            A partir desse argumento as autoras explicam a fragilidade desse protocolo que diz que pessoas trans são potencialmente suicidas. Esse argumento defende a terapia intensiva para proteger essas pessoas desses pensamentos.

            Porém o contra-argumento diz que

Se partirmos do pressuposto de que há múltiplas possibilidades de experiências e práticas de gênero, e de que as pessoas que solicitam alterações corporais ou desejam migrar legalmente de um gênero imposto para outro com o qual se identificam são sujeitos capazes de conferir sentido para essas transformações, não há justificativa para definir um protocolo fundamentado no transtorno mental. (p. 7)

             A partir disso não faz sentido impor um protocolo desses se as pessoas que desejam realizar a cirurgia empregam sentido para essa transformação.

Argumento III - Concessões estratégicas: Se a transexualidade e a travestilidade não forem consideradas doenças, o estado não custeará as despesas com processos de transformações corporais.

A contradição apresentada refere-se a definição que o Estado dá a pessoas normais de gênero, que possui relação entre genitálias, performance e práticas eróticas. Se pessoas são excluídas desse marco existe uma contradição, pois está acontecendo uma inclusão excludente, dentro dos padrões universais.

Argumento IV – Autoridade científica: Afinal, se está no DSM-IV, no CID-10 e no SOC é porque está provado cientificamente que há os normais de gêneros e doentes. Será?

Os próprios documentos apresentam brechas e demonstram que não tem como diagnosticar pessoas trans como doentes, pois não há nada que comprove em seus exames laboratoriais. Por isso a ciência não pode interferir dizendo que são diagnosticamente “anormais”.

Além disso, as autoras ressaltam que

É preciso reafirmar que o DSM-IV, o CID-10 e o SOC são falaciosos e produtores institucionais de identidades abjetas. Quem formula esses códigos é um grupo fechado de especialistas orientados pelos preceitos heteronormativos que, aliás, têm fundamentado a ciência ocidental moderna. (p. 9)

Concluindo sua discussão com o último tópico “Perguntas impertinentes para reflexões necessárias” questões que dificilmente podemos concluir com respostas simples, mas que ainda podem gerar diversas discussões neste processo que precisa ser quebrado devido aos preconceitos neles existidos.

    Por que diagnosticar o gênero?
    Quem autoriza psicólogos, psiquiatras, endocrinologistas e outras especialidades que fazem parte das equipes multidisciplinares a avaliarem as pessoas transexuais e travestis como "doentes"?
    Se não existe nenhum exame clínico que conduza a produção do diagnóstico, como determinar a ocorrência do "transtorno"?
    Quais e como estabelecer os limites discerníveis entre "os transtornados de gênero" e "os normais de gênero"?

 As mesmas expõem por final que: “Estamos diante de um poderoso discurso que tem como finalidade manter os gêneros e as práticas eróticas prisioneiras à diferença sexual”. (BENTO E PELÚCIO, 2012, P. 10)

BENTO, Berenice; PELÚCIO, Larissa. Despatologização das identidades abjetas. 2012. Disponível em: http://www.periodicos.ufsc.br/index.php/ref/article/view/26220/22863.

sexta-feira, 7 de junho de 2013

domingo, 2 de junho de 2013

Síntese do texto "Gênero, sexualidade e poder"

por: Alice Rosa dos Santos e Aline de Assis Augusto

No segundo capítulo do livro “Gênero, sexualidade e educação – Uma perspectiva pós-estruturalista” a autora Guacira Lopes Louro ressalta o ‘poder’ como foco central, relacionando-o com a figura dominante do homem em relação à mulher, que eram destacados nos estudos feministas, e que hoje são problematizados, uma vez que “o esquema polarizado não dá conta da complexidade social” (p. 38).
Para aprofundar as relações de poder, a autora menciona Foucault como grande colaborador dessa área, pois seus estudos dão margem para desfazer o convencional e enxergar o poder sendo exercido, estrategicamente, por toda sociedade como “uma rede de relações sempre em atividade” (p.39). Outro ponto levantado, ainda na concepção do filósofo, é a visão do poder, também, como produtivo e positivo, uma vez que a constituição do gênero não se dá apenas por repressão ou censura.
Louro (1997) se apropria do conceito foucaultiano de “biopoder” (poder de controlar as populações, as espécies) para pensar nas práticas que foram historicamente criadas para o controle de homens e mulheres, as quais direcionam os gêneros a ocupações diferentes, além de tratar do poder exercido sobre os corpos dos sujeitos através de estratégias como o controle da taxa de natalidade, condições de saúde, entre outras.
Após esse panorama a autora aborda as “Diferenças e desigualdades: afinal quem é diferente?”, destacando que o gênero e a sexualidade serão vistos de maneira privilegiada, buscando observar como a diferença acontece nesses terrenos. Ao iniciar a discussão apoia-se na frase “E viva a diferença!”, que é constantemente utilizada nos discursos a respeito das diferenças entre homens e mulheres. A autora mostra que a frase é problemática, podendo implicar em uma conformação ao status das relações entre os gêneros. Além disso, aprofunda na questão da diferença e, direcionando sua crítica para o campo do feminismo, aponta que “nos discursos atuais, o apelo à diferença está se tornando quase um lugar comum (o que já nos leva a sermos cautelosas/os, desconfiando de seu uso irrestrito)”. (p. 44)
Louro (1997) destaca que a diferença entre os gêneros é marcada por várias distinções: biológicas, físicas, psíquicas, etc. O movimento feminista se ocupou das discussões sobre as diferenças e as suas consequências, porém, as relações de poder se constroem e se fixam no interior dessas discussões e o que acontece, portanto, são as desigualdades. Sobre elas, Guacira Louro (1997) destaca o que diz Joan Scott, autora que aponta para “o equívoco de se conceber o par 'diferença-igualdade' como um 'dilema', ao qual as feministas teriam necessariamente de se entregar”. (p. 46)
A autora mostra que as concepções de gênero estão ligadas às relações de poder existentes na sociedade e que todos que se afastam da masculinidade ou feminilidade hegemônica impostas são considerados como sendo diferentes. Ela chama a atenção ainda para o fato de que na sociedade existem diversas culturas, sexualidades, etnias, classes sociais, histórias e que os sujeitos transitam e se posicionam nos diferentes marcadores sociais, possuindo múltiplas identidades, em consequência disso, as nossas identidades assumem significados específicos em contextos determinados. A pesquisadora aponta ainda que “serão sempre as condições históricas específicas que nos permitirão compreender melhor, em cada sociedade específica, as relações de poder que estão implicadas nos processos de submetimento dos sujeitos”. (p. 53)

Referência: LOURO, Guacira Lopes. Gênero, sexualidade e poder. In: __________. Gênero, sexualidade e educação: Uma perspectiva pós-estruturalista. Petrópolis, RJ: Vozes, 1997.

O FEMINISMO QUER QUE TODA MULHER SEJA LIVRE PARA ESCOLHER

Veja a entrevista em:

http://www.diariodosudoeste.com.br/noticias/entrevista/27,27224,01,06,ldquo-o-feminismo-quer-que-toda-a-mulher-seja-livre-para-escolherrdquo.shtml