domingo, 25 de agosto de 2013

Meu garoto princesa


Síntese dos textos "Entre batons,esmaltes e fantasias" e "Erotização dos corpos infantis"

Por: Taliene Rodrigues Candido

EROTIZAÇÃO DOS CORPOS INFANTIS

A partir do século XVIII houve transformações em relação ao conceito de infância, isso devido, também, às mudanças no ambiente familiar e escolar juntamente com as novas tecnologias, os meios de comunicação e a internet. A imagem da criança pura e ingênua tem perdido espaço para imagens erotizadas, especialmente em relação as meninas.
Ao longo da história foram criando-se conceitos sobre o corpo humano, a através disso surge a questão do sexo, dependendo desde maior ou menor status, como ainda vemos hoje em dia corpos masculinos e femininos não tem sido percebidos nem valorizados da mesma forma e em nossa cultura os nossos corpos representa nossa identidade. O corpo, hoje em dia, para ser um bom corpo, precisa ser quase que esculpido, várias pessoas passam por processos cirúrgicos com o objetivo de atingir a perfeição, há sempre uma preocupação com a imagem. Uma cobrança; será esta feita pela sociedade?
A beleza foi imposta através de um padrão, um corpo magro e jovem, sendo este corpo submetido a sacrifícios , tudo em nome da beleza. Isso fica claro em propagandas, e chegou também em propagandas infantis, sempre cultivando a beleza aliada ao supérfluo, ao consumo. As crianças passaram a ser vistas como pequenos consumidores, sendo alvo contante de propagandas. Não bastando serem vistas como consumidoras, a infância passou a ser vista como algo a ser apreciado, desejado, uma espécia de "pedofilização", a mídia vincula a imagem da criança com a erotização, um exemplo, seria propagandas onde crianças se encontram em pose sensual ou despidas.
É comum ouvirmos em nossa cultura que a criança é um ser puro e inocente e aproximá-las dos prazeres eróticos seria como tirar sua própria natureza. No século XIX foram criadas leis para garantir a proteção das crianças e agora já existe uma Campanha Nacional de Combate a Erotização e Abuso sexual Infanto-juvenil. Sendo uma das maiores preocupações a exploração sexual: pornografia, prostituição, estupro, incesto. Esqueceram porém do que a mídia anda oferecendo para essas crianças, há uma grande contradição ao que se prega. 

ENTRE BATONS, ESMALTES E FANTASIAS

Há poucos estudos sobre a construção das identidades de gênero e identidades sexuais na infância. Este texto parte de observações feitas em duas instituições e com isso evidenciaram que mesmo sem querer as professoras acabavam reproduzindo a desigualdade de gênero.
As escolas no geral não propõe outras formas de masculino e feminino apenas reafirma as que já existem e o que foge desse padrão é anormal ou está desviado. A preocupação das professoras é ainda maior com os meninos e acabam sendo vigilantes da orientação sexual da criança.
Para algumas professoras não é legal menino brincar com menina, sendo assim desde cedo a companhia feminina pode ser algo inferior, pois se o garotinho brincar só com meninas vai virar uma "mulherzinha". Esta vigilância da masculinidade infantil é como se fosse uma garantia da masculinidade adulta, muitas vezes as ciências psicológicas vem sendo utilizada para "ajustar" os indivíduos aos padrões da sociedade. As identidades devem ser vistas como múltiplas e muitas vezes nas instituições escolares essas questões não estão bem discutidas, a heterossexualidade é vista como modelo padrão  e o restante como anormal.
Há também resistência por parte dos pais para uma educação sexual voltada para essas questões de gênero e sexualidade, pois veem a infância como algo puro e tetam preservá-las desses tipos de conhecimento, mas ignoram a educação por parte da mídia: TVs, jornais, revistas, outdoors, etc. 
Até mesmo em escolas de ensino médio e cursos de formação docente, raramente se vê no currículo disciplinas relacionadas á esse assunto, sendo este de grande importância, pois na maioria das vezes acaba reproduzindo diferenças e desigualdades.

REFERÊNCIAS

NECKEL, Jane Felipe. Erotização dos corpos infantis. In: LOURO, Guacira L.; NECKEL, Jane F.; GOELLNER, Silvana V. (orgs). Corpo, Gênero e Sexualidade: um debate contemporâneo na educação. RJ: Vozes, 2003.

FELIPE, Jane; GUIZZO, Bianca S. Entre batons, esmaltes e fantasias. In: MEYER, Dagmar E.; SOARES, Rosangela (orgs.). Corpo, gênero e sexualidade. Porto Alegre: Mediação, 2004.

http://sendocrianca.blogspot.com.br/2012/06/erotizacao-infantil.html

sábado, 3 de agosto de 2013

Síntese dos textos “Estranhando a Educação” e “Um aprendizado pelas diferenças”

Por Filipe França

Os textos foram escritos pelo Prof. Richard Miskolci. Ele é doutor em Sociologia e atualmente é professor do Departamento de Sociologia da Universidade Federal de São Carlos.

O autor inicia o primeiro texto falando que no Brasil, um dos primeiros textos em português falando sobre o termo queer, foi publicado no ano de 2001. É o texto “Teoria Queer: uma política pós-identitária para a educação”, de autoria da Prof.ª Guacira Lopes Louro. A acolhida da Teoria Queer por parte da Educação foi algo extremamente positivo, pois, ampliou o interesse por temas como sexualidade, normalização e controle social. Essa acolhida brasileira da Teoria Queer na área da Educação pode estar ligada a uma compreensível sensibilidade crítica de noss@s professor@s com relação às forças sociais que impõem, desde muito cedo, modelos de comportamento e padrões de identidade aos estudantes.

O autor levanta a seguinte questão: como incorporar o queer na Educação? Ele aponta que a proposta queer começa por fazer um diálogo com aquel@s que normalmente são desqualificados do processo educacional e também do resto da experiência de vida na sociedade. Hoje em dia, o caráter violento de socialização escolar recebeu o nome de bullying. Um olhar queer é um olhar insubordinado. É uma perspectiva comprometida com os sem poder, dominados e subalternizados.

Miskolci nos convida a pensar nas distinções arquitetônicas presentes nos banheiros masculinos e femininos. Essas distinções nos obrigam a descobrir a toda a hora o nosso gênero e a nossa sexualidade. Assim como a escola, o banheiro público é uma tecnologia que precisa ser repensada.

O autor menciona o termo abjeção, destacando que esse termo costuma lidar com o que há de mais íntimo em nós, daí ser compreensível que ela passe muito pela sexualidade. A abjeção se refere ao espaço a que a coletividade costuma relegar àquel@s que considera uma ameaça ao seu bom funcionamento, à ordem social e política. A heteronormatividade também é problematizada no texto, pois, ela é a ordem sexual do presente fundada sobretudo no modelo heterossexual, familiar e reprodutivo.

Miskolci também traz para a discussão as distinções entre os termos diversidade e diferença. Para o autor, a diversidade expressa uma concepção estática de cultura. Já a diferença, afirma a necessidade de ir além da tolerância e da inclusão, reconhecendo o Outro como parte de nós.

O segunda texto é iniciado destacando o grande desafio da Educação repensar o que é educar, como educar e para que educar. Para o autor é fundamental a compreensão da Educação para muito além da escola. Isso pressupõe identificar e desconstruir os pressupostos de neutralidade sob os quais se assentaram durante tanto tempo o processo educativo e o espaço escolar. O olhar d@s professor@s precisa enxergar as interações que acontecem fora dos muros do espaço escolar.

Estranhar os materiais de trabalho na escola também consiste em uma atitude queer. Podemos nos apoderar desses materiais como base para refletirmos e questionarmos o que vem estampado nas páginas dos livros, como por exemplo, o que vem impresso em um livro de alfabetização.

Miskolci destaca dois aspectos interessantes quando falamos em uma Educação queer. Primeiro, a superação da visão de sexualidade como algo biológico, apenas enquanto oportunidade de falar de DSTs e gravidez na adolescência. Segundo, superar o pensamento da educação sexual como maneira de ensinar com quem e como se relacionar sexualmente. Precisamos assumir o desafio de visualizar a sexualidade como algo cultural e que se relaciona com outros aspectos da nossa vida em sociedade.

A leitura dos textos nos conduz a pensar em uma Educação não normativa que vai além de compreender que existem famílias com dois pais ou com duas mães. Podemos questionar se realmente tod@s se casarão e/ou constituirão famílias, se o casamento é necessário para formar uma família, se o casamento é obrigatório, se viver sozinho é proibido, se as famílias fora do casamento são menos família...

O autor finaliza o texto enfatizando que @s professor@s podem se inspirar nas dissidências, resistências e no estranhamento para produzir o próprio educar. Ir além de reproduzir e ensinar a experiência da abjeção, em que o processo de construção do conhecimento pode ser um espaço de ressignificação do Outro e das diferenças.

Referências:

MISKOLCI, Richard. Estranhando a Educação. In: _____. Teoria Queer: um aprendizado pelas diferenças. Belo Horizonte: Autêntica: UFOP, 2012, p. 35-49.

MISKOLCI, Richard. Um aprendizado pelas diferenças. In: _____. Teoria Queer: um aprendizado pelas diferenças. Belo Horizonte: Autêntica: UFOP, 2012, p. 51-63.