segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Relatos das aulas dos dias 04 e 06 de novembro de 2013

Registro da aula do dia 04 de novembro de 2013.

Roney inicia a aula convocando as alunas a, a partir de um “teste”, se perceberem ou não como feministas. As alunas se entreolharam e algumas disseram ser feministas outras disseram não saber ou não ser feministas. O “teste” dizia de questões cotidianas como dividir contar em bar com o parceiro, arrumar a casa, escolha de roupas, enfim, atitudes que tradicionalmente eram impostas para determinado gênero, mas que, a partir de lutas feministas, foram sendo desconstruídas. Após a apresentação do PowerPoint várias alunas que estavam em dúvida se reconheceram como feministas, afinal defendiam igualdade de gênero para homens e mulheres.
Roney lembra às alunas que elas não enviaram para seu e-mail as letras de funk, tal qual combinado na aula anterior. As alunas se desculparam, alegando não terem entendido que era para enviar. Algumas disseram terem feito a pesquisa, mas colocado apenas no diário. Roney diz que estava tudo bem, mas pede que enviem para que essas letras sejam problematizadas na próxima aula.
Roney passa então para a segunda tarefa que havia pedido na aula anterior, que seria uma entrevista com mulheres de variadas gerações sobre o que entendiam por feminismo. Várias alunas fizeram a atividade. As alunas geralmente entrevistaram mulheres nas faixas de 80 anos, 60/40 anos e 20 anos. As respostas foram as mais variadas possíveis, evidenciando uma multiplicidade de entendimentos sobre o feminismo. Algumas mulheres não souberam responder o que seria feminismo. Outras compreendiam o feminismo em oposição ao machismo: “ no feminismo é a mulher que manda”. Houve entrevistadas que confundiram feminismo com feminino, ou seja para ela feminismo é a mulher se cuidar, se maquiar, usar a roupa que a deixa mais atraente. Houve grande incidência do discurso religioso, algumas entrevistadas disseram que não gostavam do feminismo porque ele ia contra as leis de Deus, que estava na bíblia que as mulheres deveriam ser submissas aos homens, que elas não deveriam trabalhar fora, que seu papel era cuidar da casa e dos filhos e o homem é que deveria ser o provedor do lar.
Contudo houve entrevistadas que afirmaram que feminismo é a mulher lutar pelos seus direitos, é criar possibilidades da mulher fazer coisas que antes não podia fazer. Outras falaram que feminismo é a mulher poder sair sozinha, namorar quem ela escolher, ter liberdade de expressão, conquistar direitos, lutar contra a discriminação e contra a ditadura da beleza.
Interessante é que se pôde perceber um corte geracional nas entrevistas, com as mulheres muito mais velhas estranhando o feminismo, as mulheres na faixa dos sessenta querendo a conquista de direitos para as mulheres mais novas, já que elas tiveram esses direitos cerceados e as mulheres mais novas compreendendo o feminismos como uma questão cotidiana, ou seja a seu alcance. No entanto percebemos sujeitos que fugiam aos discursos proferidos pela maioria de seu grupo geracional como senhoras de 85 anos falando em direitos e liberdades e mulheres de 20 anos que não sabiam falar o que seria feminismo ou mesmo achando o feminismo algo negativo para a mulher e para a sociedade de um modo geral.
Após o relato e problematização das entrevistas, algumas alunas ainda se diziam confusas sobre o feminismo. Diziam-se embaraçando feminismos com feminilidade e diziam não saber se eram feministas.
Uma aluna relatou que entrevistou uma mulher de 20 anos que fazia faculdade e esta disse não saber nada sobre feminismo. Roney, então, provoca as alunas perguntando se quando elas chegaram à disciplina já pensavam o que era feminismo?
Várias alunas afirmaram que quando foram fazer as entrevistas perceberam que nem elas mesmas sabiam o que era o movimento feminista.
Roney retoma o PowerPoint do início da aula e convida as alunas a pensarem em como o movimento feminista mais amplo, que teve início no final do século XIX se relaciona com o hoje. Para que pensassem como se correlacionam os direitos mais amplos, como os garantidos pelas leis com os direitos mais subjetivos como os modos de se vestir e se portar. Discutimos, com isso, as questões relativas a ditadura da beleza e a dupla jornada da mulher.
Roney retoma as entrevistas e ressalta uma grande confusão que é recorrente em relação ao feminismo, com a qual muitas pessoas, confundem feminismo como sendo o oposto do machismo. Segundo Roney o feminismo não é o oposto do machismo. O feminismo é um movimento político e social de lutas cotidianas por igualdade de direitos. O feminismo tem como pauta, a luta contra o machismo, mas não quer colocar a mulher no lugar ocupado pelo homem, não quer inverter o binarismo e sim lutar pela igualdade de oportunidades e direito.
Uma aluna traz cenas de novela para pensar no direito a liberdade de decidir com quem se relacionar, uma vez que em outros tempos essa escolha era feita por outra pessoa que geralmente era um homem.
Roney traz outro PowerPoint, dessa vez com imagens retiradas do site “Moçx você é machista”. Esse site traz imagens problematizadoras e provocativas em relação às atitudes machistas presentes em nossa sociedade, tais como: dar panelinhas de presentes para as meninas; cuidados dos filhos e filhas como um atributo feminino; julgamento moral da mulher; mulher restrita ao espaço privado e homem ao espaço público; imagens que reportem ao machismo e a homofobia; binarismos homem x mulher; profissões de homem x profissões de mulher...
Ao passo que Roney ia apresentando as imagens, as alunas iam trazendo questões de seu dia a dia para ilustrar o seu entendimento da imagem. Várias foram as colocações, algumas diziam de naturalizações de gênero como homem, naturalmente propenso a traição, mulheres naturalmente afeitas ao perdão, enfim, muitas foram as questões trazidas pelas alunas.
Roney encerra a aula lembrando às alunas de enviarem as letras de funk para seu e-mail e incluí-las no diário. Roney indica a leitura do texto: “Marcas do corpo, marcas de poder” presente no livro “Um corpo estranho: ensaios sobre sexualidade e teoria queer” de Guacira Lopes Louro.



Registro da aula do dia 06 de novembro de 2013.

Nesse dia, por questões de confusão de horários, cheguei as 9:00h, portanto o relato que se segue refere-se a aula a partir desse horário.
Roney estava trabalhando com as alunas com um PowerPoint, cujo título era: Gênero, desigualdade e violência. As discussões giravam em torno de: misoginia, cultura machista, violência de gênero, homofobia, violência contra a mulher, dentre outros.
Roney fala sobre um vídeo de um congresso de mulheres evangélicas que pregava dentre outras coisas a submissão da mulher em relação ao homem, com isso, discutiu que coexistem em uma mesma sociedade e em um mesmo tempo histórico diferentes discursos e entendimentos sobre um mesmo assunto, que no caso dizem da submissão versus empoderamento da mulher. O PowerPoint trazia ainda cenas da Marcha das Vadias, trazendo as reivindicações feministas na atualidade, e uma discussão das masculinidades nos dias de hoje. O PowerPoint encerra com uma imagem da Maria da Penha, com qual Roney traz uma discussão sobre medidas protetivas e violência contra as mulheres levantadas pela “Lei Maria da Penha”.
Para falar sobre a cultura do estupro Roney trouxe para a turma o vídeo “A culpa é sua” que trata-se de uma sátira a culpabilização da mulher por esse tipo de violência. Discutindo sobre este vídeo as alunas foram desenrolando uma discussão sobre o tratamento médico direcionado às mulheres que apresenta um viés misógino, seja em relação a procedimentos ginecológicos como em relação ao tratamento médico em geral que segundo as discussões deveria ser mais humanizado. Neste momento as alunas trouxeram vários relatos nos quais se sentiram mal atendidas pelos profissionais de saúde, que diziam desde questões de gênero até de questões de tratamento digno em geral.
Retomando a “Lei Maria da Penha”, discutimos que ela aborda de uma violência direcionada a um grupo específico, por isso tratasse de uma violência de gênero, que antes de sua efetividade nos casos de violência contra a mulher traz toda uma questão política de discutir este tipo de violência.
Discutimos também a questão do assédio. Falamos da naturalização desses episódios, reafirmando uma frase apresentada no PowerPoint “assédio não é elogio”.
Antes de terminar a aula Roney retoma com as alunas a questão da presença/atraso em suas aulas, questão essa discutida no primeiro dia de aula. Conforme ele já havia comunicado às alunas por e-mail, ficou muito incomodado com o fato de algumas alunas terem abandonado a disciplina em virtude de não poderem comparecer à disciplina no horário combinado com a turma. Roney esclareceu que está aberto ao diálogo, que antes de trancarem a disciplina as alunas poderiam ter retomado a discussão com a turma para que junt@s pudessem ter reelaborado o acordo. Roney disse querer sair desse lugar ocupado pelo professor de ensino fundamental de ficar fiscalizando o horário das alunas, disse não se sentir a vontade nessa posição, com isso combinou que iniciará a aula no horário combinado com a turma, ou seja, as 7:30h, não prejudicando assim aquelas alunas que chegarem cedo, mas que a presença ele fará ao final da aula. Dessa forma, conta com o envolvimento da turma em chegar o mais cedo possível e participar da aula, porque a pontualidade e o envolvimento serão pensados como uma forma de avaliação em relação disciplina.
O texto “Marcas do corpo, marcas de poder”, indicado na aula anterior será discutido na próxima aula.

Nenhum comentário:

Postar um comentário