segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Relatos das aulas dos dias 14 e 16 de outubro de 2013

Registro da aula do dia 14 de outubro de 2013


Nos momentos iniciais da aula as alunas dão andamento à escolha do filme que apresentarão para a turma.
Roney faz a chamada seguida por uma pequena introdução sobre o filme “Ma vie en rose”. Fala sobre sua produção, direção, em fim situa o filme para as alunas. Roney indica também o texto do professor Anderson Ferrari. “Ma vie en rose”: gênero e sexualidades por enquadramento e resistências, como um texto complementar, importante para a problematização do filme e das discussões. Roney propõe que as alunas assistam ao filme e façam anotações para nortearem as discussões sobre o mesmo na próxima aula.
As alunas assistem ao filme com bastante concentração, seus rostos parecem demonstrar mistos de sentimentos: consternação, angustia, abertura ao outro, comiseração, enfim, rostos que refletem a interação com o filme, preenchendo-o com seus entendimentos e vivencias pessoais.
Terminada a apresentação do filme, Roney faz uma segunda chamada. Pede que as alunas terminem de anotar seus e-mails em uma folha com vias a facilitar a comunicação com a turma. Roney reserva os minutos finais para que as alunas relatarem o que pensaram e sentiram sobre o filme apresentado. Como o silêncio era geral e ninguém se pronunciava, Roney pede que façam reflexões no Diário e tragam as discussões na próxima aula.




Registro da aula do dia 16 de outubro de 2013

Roney inicia a aula falando sobre o artigo do professor Anderson Ferrari. “Ma vie en rose”: gênero e sexualidades por enquadramento e resistências, indicando-o como um importante artigo para a problematização do filme.
Roney indica para a próxima aula a leitura e estudo do artigo A emergência do gênero presente no livro “Gênero, sexualidade e educação: uma perspectiva pós-estruturalista”, de Guacira Lopes Louro. Como leitura complementar recomenda o texto Gênero, sexualidade e poder, que se encontra no mesmo livro. Roney pede às alunas para fazerem uma leitura atenta, grifando questões que considerassem importantes, ou mesmo questões que não compreenderam para que fizéssemos uma discussão na próxima aula.
O professor pede para que uma das alunas faça um relato sobre o filme apresentado na aula anterior (Ma vie en rose). Após algumas negociações, a aluna Juliana faz uma narrativa detalhada e abrangente sobre o filme.
As alunas relatam suas sensações e sentimentos ao rememorarem o filme. Uma das alunas caracterizou o filme como chocante e impactante. Disseram das angústias que sentirem ao se colocarem no lugar de Ludovico (protagonista do filme) e de sua família. Falaram das pressões da sociedade sobre as pessoas e suas subjetividades.
As alunas também se concentraram em discutir a escola. Falaram das várias vozes presentes na escola: da professora que tenta discutir as diferenças, do diretor que acata um abaixo assinado dos pais e expulsa Ludovico da escola, dos pais que fazem o abaixo assinado e ensinam, assim, seus filhos a serem preconceituosos.
Falamos das pedagogias culturais e da busca de identidades pelas pessoas. As alunas falam sobre os discursos médicos e da psicologia presentes no filme. As alunas preenchem o filme com suas vivências pessoais. Falaram de situações correlatas ao filme, vivenciadas em suas relações familiares e no cotidiano escolar, a partir de seus estágios e atuações profissionais. Ressaltaram que uma criança de 7 anos pode ter curiosidades e desejo de experimentar as variadas posições de gênero presentes em nossa sociedade; podem ter curiosidades frente aos artefatos culturais, mas nem por isso podem ser classificadas como homossexuais. Ressaltam ainda que, mesmo que uma criança esteja se construindo como homossexual esta situação não deve ser encarada como um problema, mas como uma forma de se constituir, uma forma de ser e estar no mundo, tão legítima quanto as outras formas de construção do sujeito.
Roney fala sobre a necessidade de ver o outro, de se colocar no lugar do outro, pensando este outro para além da essencialização de uma identidade. O professor fala que as situações vivenciadas em nossos cotidianos, devem ser encaradas como objetos de pensamento, como forma de problematizar essas situações e não como estratégias de isolamento e discriminação desse outro que se constitui diferente de mim, afinal, não é o outro que é o diferente, somos todos diferentes, nem melhores nem piores, apenas diferentes.
Após as discussões Roney apresenta um PowerPointe sobre discussões trazidas a partir do filme. Começa pensando sobre as marcas de gênero impressas sobre os corpos; pensa sobre os artefatos, movimentos, gestos adereços que posicionam os corpos: “ mudar o corpo, para mudar quem você é”. Roney aborda os artefatos culturais e os rituais que posicionam os gêneros: como os esportes, os brinquedos, as músicas o cuidado com a casa, as posições dos corpos. O professor destaca ainda o amor romântico e a heteronormatividade denunciados no filme. O PowerPoint destaca ainda o reforço, o investimento em masculinidades e feminilidades hegemônicos, associados a heteronormatividade.
Neste momento as alunas fazem associações entre o filme e suas próprias vivências. Uma aluna relata que as aulas estão funcionando para ela como uma terapia, nisso, fazendo uma associação com o filme, traz um relato de amor por um primo que foi interditado pela família. Segundo a aluna, ela e o primo estavam apaixonados, mas quando a família descobriu proibiu o namoro dos dois. Ela disse que pode sentir a angustia vivida por Ludovico frente a incompreensão da família.
Outra aluna trouxe o relato de uma sobrinha do marido que, sendo lésbica teve de enfrentar a incompreensão da família frente a sua constituição de sujeito. A aluna falou como compreende a situação vivenciada pela sobrinha e sobre os dilemas e as relações estabelecidas a partir daí.
Uma terceira aluna fala de uma situação vivenciada por ela em uma atividade de evangelização. Segundo a aluna, diante de uma criança que apresentado atitudes ditas femininas, membros de seu grupo de evangelização, queriam levar essa criança para que o pastor tirasse o diabo de seu corpo. A aluna relatou que investigando a situação, percebeu que o que realmente a criança estava vivenciado era uma atitude de conflito familiar e não um caso de possessão como pensavam alguns.
As demais alunas também trouxeram relatos sobre seus cotidianos.
Roney retoma sua apresentação ressaltando os discursos da biologia, da religião e da família presentes no filme. Fala ainda das relações de gênero e sexualidades construindo as relações sociais, de forma a organizá-las e sobre os saberes-poderes que produzem discursos e conhecimentos a cerca dos gêneros e sexualidades, produzindo verdades sobre os corpos. Ressalta ainda o embaralhamento entre gênero e sexualidade presentes em nossa sociedade.
Terminada a apresentação Roney relembra as alunas para lerem e estudarem os textos propostos, além de darem prosseguimentos aos seus Diários de Bordo.

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